- delimitação da área
- público alvo
- classificação
- levantamento das fontes
- forma de apresentação
- período de atualização
- divulgação
- seleção do software
- manutenção
Público-alvo
Não se pode ter a ilusão de que um tesauro possa ser útil a todos igualmente. Em primeiro lugar porque, dependendo do ângulo de abordagem, as relações entre os conceitos se alteram, pelo fato de se alterar a importância das características (def).
Por exemplo, numa instituição de pesquisa em medicina experimental, Aids seria caracterizada como ‘Doença virótica…’, enquanto numa instituição de saúde pública, seria ‘Doença sexualmente transmissível …’. Embora as duas características estejam presentes no conceito Aids, em cada uma das situações uma é considerada mais relevante do que a outra, dando origem a diferentes classes.
Em segundo lugar porque, dependendo do público-alvo a que o Tesauro se destina, o universo de conceitos abrangidos vai variar no grau de especificidade. Como exemplo, pode-se citar a área de Agricultura: um tesauro para cientistas seria diferente do tesauro para extensionistas, tanto no conjunto de termos, como no nível de especificidade. Daí a importância de se identificar muito bem o público a quem o Tesauro vai servir, a fim de selecionar e nele incluir preferencialmente termos que representem a necessidade de informação do usuário; e, consequentemente, a seleção do material a ser incluído.
Um exercício prévio de classificação é fundamental para estabelecer os limites do tema do tesauro. Utiliza-se, para isso, a Categorização, que é um método que requer pensar o domínio do tesauro de forma dedutiva, ou seja, determinar as classes de maior abrangência (facetas) dentro da temática escolhida. Ao analisar o domínio segundo a categorização fica mais fácil e seguro determinar os termos que devem ou não integrar o tesauro. Por este motivo, esta análise deve ser feita ainda na faze do planejamento.
Sua importância, contudo, não se restringe a isto: o método é essencial para conceber a macor=estrutura do tesauro. (Ver Metodologia)
O perfil do usuário é determinante para a seleção das fontes:
- a literatura de divulgação científica, ou seja, aquela que aborda temas científicos redigidos para outro público, costuma ter nível de generalidade maior do que a de revistas técnicas e/ou científicas. Os relatórios técnicos de projetos podem ser uma fonte interessante, mas são de difícil conhecimento e acesso, por seu caráter de divulgação restrita. Dicionários especializados podem ser consultados, mas, como geralmente se apresentam em ordem alfabética, não há garantia de que as definições guardem consistência entre elas;
- outras fontes que podem ser úteis são índices de publicações periódicas, índices de periódicos de resumos, ou ainda, índices de tabelas de classificação; catálogos de peças e equipamentos, catálogos de serviços e produtos tecnológicos e obras assemelhadas costumam fornecer informações atualizadas;
- revistas técnicas editadas por órgãos de classe contêm matérias importantes e de interesse atual. Seguem-se dois exemplos concretos:
a) a revista Proteção, dirigida à segurança e à saúde do trabalhador divulga em seu n. 31, de julho de 1994 uma matéria sobre Trabalho com plásticos, que contém termos e definições de processos de produção, aditivos e tipos de plásticos, bastante sistematizados;
b) a revista Química industrial, editada pela Associação Brasileira de Química, traz, em seu n. 693, de jul./set. de 1993, uma matéria sobre Aditivos para alimentos em que apresenta os aditivos e uma classificação quanto à função e, em muitos casos, definições e/ou explicações. - As teses e dissertações são especialmente interessantes, pois incluem, em grande parte, termos novos e/ou de conteúdo conflitante, ainda não dicionarizados.
Estas fontes são muito úteis porque fornecem informações relevantes para a organização dos termos.
Quando se trata de elaboração de tesauro em áreas em que muitas escolas de pensamento estão presentes (por exemplo as Ciências sociais, as Humanidades), a seleção das fontes tem especial relevância. Por exemplo, na área de Agroecologia – que pressupõe princípios e fundamentos filosóficos que contrariam políticas governamentais e interesses internacionais – pode não ser adequado levantar os conceitos registrados em publicações oficiais. Por outro lado, às vezes por motivos políticos, termos deixam de ser incluídos por ferirem interesses internacionais. Na área de energia nuclear, por exemplo, o termo ‘desastre ecológico’ poderia não ser incluído por revelar debilidade de países em frente de pesquisa (exemplo, Chernobyl). Vale concluir que todo tesauro espelha uma ideologia.
É muito comum haver necessidade de se estruturar um tesauro numa área que, por seu dinamismo, novos conceitos apareçam com freqüência superior àquela com que eles são absorvidos pelas revistas técnicas e/ou outras fontes já consolidadas. Como exemplo, pode-se citar a área de Economia, onde, não raras vezes, conceitos têm que ser extraídos de fontes de divulgação mais frequentes (por exemplo, jornais), para fazer frente às necessidades de recuperação da informação para clientes daquela área.
Porém, há que se ter precaução com a inclusão, num tesauro, de um conceito ainda não referendado pelo princípio da ‘garantia literária’ e da ‘garantia do usuário’. Às vezes, um conceito emergente torna-se rapidamente obsoleto em sua forma (significante) ou no seu conteúdo (significado).
Uma solução seria incluir estes termos como ‘termos candidatos’, devidamente assinalados, sinalização essa que seria eliminada à proporção que os termos fossem sendo incluídos no tesauro em sua forma definitiva.
Se o levantamento de termos for uma iniciativa nova, convém identificar uma data a partir da qual determinadas fontes de informação – periódicos principalmente – serão analisadas. Se a atividade terminológica for uma rotina, então, cada novo documento incorporado ao acervo deve ser examinado para dele se retirar definições ou explicações que auxiliam a compreensão do termo.
Forma de apresentaçãoA forma de apresentação deve ser decidida ainda na fase de planejamento porque vai fornecer requisitos para a seleção do software.
Recomenda-se que os tesauros tenham uma apresentação sistemática , além da tradicional forma de apresentação alfabética, quando houver interesse em ter uma versão impressa.
Se a consulta for feita apenas em computador, a forma alfabética não tem sentido. Basta um índice alfabético, remetendo para o termo com suas relações, para iniciar a navegação. Ou então, uma caixa de busca onde se digita o termo desejado, que remete para o termo com suas relações.
Cada área de assunto tem suas características próprias, sua dinâmica própria de crescimento. Na realidade, a atualização de um tesauro deve ser uma atividade permanente. A prática de registro permanente de ocorrência de novos termos e definições, com discussão permanente entre os responsáveis pelo tesauro, torna a atividade terminológica mais eficaz e menos penosa. Quando um sistema é descentralizado em sua operacionalização, é necessário um grupo coordenador para avaliar as propostas de inclusão de novos termos. Este grupo não precisa se reunir amiúde, mas pode ser planejado para ele um calendário de reuniões.
Este tópico cabe quando se pensa em fazer uma edição impressa. A atualização pode ser feita por uma nova edição – se o número de termos não exigir uma nova reestruturação da obra -, ou por suplementos, se houver necessidade de rápida divulgação por causa da inclusão de grande número de termos novos em pouco espaço de tempo. A publicação de suplementos não é muito cômoda para o usuário: a ausência de um único índice leva o usuário a ter que recorrer a mais de um volume para encontrar o que deseja. Com o emprego da informática, da telemática e de outras tecnologias poderosas de informação que propiciam meios de comunicação mais ágeis, a atualização permanente pode ficar imediatamente disponível para os usuários através de um sistema on-line ou em CD-ROM.
O software para tesauro requer algumas características para que seja possível não apenas sua elaboração, mas sua consulta on-line. Minimamente, deve atender pelo menos aos seguintes requisitos:
- impedir a entrada de um termo mais de uma vez
- possibilitar a criação de diversos tipos de relacionamento
- criar automaticamente as relações recíprocas
- produzir relatórios hierárquicos
- produzir relatórios alfabéticos, com as relações
- possuir dispositivo para correção/alteração em cascata
Assim como o conhecimento é dinâmico, também o tesauro. Periodicamente é necessário atualizar o vocabulário e, de forma permanente, acompanhar o desenvolvimento do software. Um grupo deve ser constituído especificamente para esse fim.
A atualização, ou seja, a inclusão de novos termos, deve ser proposta numa planilha específica, como um subconjunto da planilha de entrada de dados, contendo as seguintes categorias de dados:
- termo
- categoria
- definição
- termo equivalente (se for o caso)
- termo genérico (se for o caso)
- termo(s) específico(s) (se for o caso)
- termo(s) associado(s) (se for o caso)