Revisitando Ranganathan: A Classificação na Rede

Hagar Espanha Gomes*    

Dilza Fonseca da Motta**    

Maria Luiza de Almeida Campos***

SUMÁRIO

1 VISÃO GERAL DO PROBLEMA

PRIMEIRA PARTE: DA CLASSIFICAÇÃO

2 PRINCÍPIOS NORMATIVOS
  2.1 Leis Fundamentais
      2.1.1 Leis da Biblioteconomia
      2.1.2 Leis da Interpretação
      2.1.3 Lei da Imparcialidade
      2.1.4 Lei da Simetria
      2.1.5 Lei da Parcimônia
      2.1.6 Lei da Variação Local
      2.1.7 Lei da Osmose

3 CÂNONES PARA O TRABALHO NO PLANO DAS IDEIAS
   3.1 Cânones para Características
      3.1.1 Cânon da Diferenciação
      3.1.2 Cânon da Relevância
      3.1.3 Cânon da Verificabilidade
      3.1.4 Cânon da Permanência
   3.2. Cânones para Sucessão das Características
      3.2.1 Cânon da Concomitância
      3.2.2 Cânon da Sucessão Relevante
      3.2.3 cânon da Sucessão Consistente
   3.3 Cânones para Renques
      3.3.1 Cânon da Exaustividade
      3.3.2 Cânon da Exclusividade
      3.3.3 Cânon da Sequência Útil
      3.3.4 Cânon da Sequência Consistente
   3.4 Cânones para Cadeias
      3.4.1 Cânon da Extensão Decrescente
      3.4.2 Cânon da Modulação
   3.5 Cânones para Sequência de Filiação
      3.5.1 Cânon para Classes Subordinadas
      3.5.2 Cânon para Classes Coordenadas

4 PRINCÍPIOS PARA SEQUENCIA ÚTIL
   4.1 Princípio do Posterior-no-Tempo
   4.2 Princípio do Posterior-na-Evolução
   4.3 Princípio da Contiguidade Espacial
   4.4 Princípios para Medida Quantitativa
   4.5 Princípio da Complexidade Crescente
   4.6 Princípio da Sequência Canônica
   4.7 Princípio da Garantia Literária
   4.8 Princípio da Ordem Alfabética

SEGUNDA PARTE: CLASSIFICAÇÃO ANALÍTICO-SINTÉTICA

5 CATEGORIAS FUNDAMENTAIS
   5.1 Sequência das Facetas
      5.1.1 Postulado da Primeira Faceta
      5.1.2 Postulado da Concretude

6 RELAÇÕES PARTITIVAS
   6.1 Todo
   6.2 Parte
      6.2.1 Porção
      6.2.2 Órgão
      6.2.3 Constituinte

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

1 VISÃO GERAL DO PROBLEMA

A Classificação esteve sempre no centro da Biblioteconomia, da Bibliografia e da Documentação: a necessidade de se estabelecer alguma ordem dos documentos para serem rápida e eficazmente encontrados e, ainda, para permitir ao leitor o browsing nas estantes, foram, sem dúvida, fatores determinantes para a criação de esquemas de classificação bibliográficas. Os livreiros foram, talvez, os primeiros, nos tempos modernos, a se ocupar de tal atividade, mas foi na Biblioteconomia que a Classificação alcançou seu apogeu. Schreiner, Campos, Kaula mostram a evolução das classificações do conhecimento e sua aplicação ao universo dos documentos, ficando evidente o papel de Ranganathan, o grande teórico da Classificação.

A produção, o armazenamento a recuperação de documentos em meio digital eliminaram a exigência de uma organização física e os esquemas de classificação bibliográfica ficaram restritos ao acervo impresso presente nas bibliotecas. A classificação estaria assim ultrapassada. Não teria outro propósito.

O desenvolvimento de portais na internet como meio de acesso a informações trouxe de volta algumas questões da Biblioteconomia convencional e novas perspectivas para o tratamento dos documentos em meio digital, agora chamados de “recursos”.

Os menus e diretórios surgem como um novo mecanismo de consulta, ao lado das ferramentas de busca. Como tal, têm sido organizados de forma um tanto arbitrária, o que não poderia ser de outro modo, porque os assuntos não permitem, via de regra, organização de classes mutuamente exclusivas, ou seja, a organização de seu conteúdo não obedece a princípios lógicos, mas reflete uma visão momentânea de um assunto ou do órgão ao qual o site pertence. Então, cada diretório se organiza da forma mais conveniente para seus responsáveis. Por exemplo, um site inclui no conjunto “Tipologia da Informação” tópicos como Bases de dados, Centros de informações, Cursos de pós-graduação, Faculdades, Instituições especializadas [na área do site], Legislação, Listas de discussão, Organizações governamentais, Periódicos, dentre outros. Esta estrutura pode ser útil, mas não é sistemática.

Taxonomia é, por definição, classificação, sistemática. Ali as classes se apresentam segundo uma ordem lógica, apoiada em princípios. Por outro lado, a taxonomia é mais restrita em suas possibilidades de exploração por conter apenas relações hierárquicas. Neste aspecto, seria ainda produto de mais rápida construção do que um tesauro. Mas não mais simples, porque a construção de hierarquias é bem mais complexa do que aparenta ser. As taxonomias estão ganhando força nos serviços de informação online, embora, este interesse esteja, na origem, nas ontologias, dentre outras aplicações, como um meio para melhorar a recuperação.

As taxonomias têm sido usadas, ainda, com função semelhante à dos menus/diretórios, mas não se limitam a ser um instrumento em que o usuário é passivo, abrindo cada rótulo/link que o leva a tópicos cada vez mais específicos. Tradicionalmente, as taxonomias tiveram por função a organização intelectual sistemática de uma área do conhecimento. Atualmente elas também estão sendo vistas como meios de acesso atuando como mapas conceituais dos tópicos explorados em um serviço de recuperação. Em seu formato, na tela do computador, é mais amigável que um tesauro, já que revela, de uma só vez, todas as ideias que compõem determinada área do conhecimento, possibilitando sua visão geral.

Voltamos, então, às bases teóricas propostas por Ranganathan para a construção de seu esquema de classificação, no qual a sequência dos conceitos é construída com critérios firmemente estabelecidos, mas que transcendem a seu propósito inicial – de criar tabela de classificação bibliotecária -, tal a força de sua Teoria.

As bases teóricas estão presentes em sua obra clássica Prolegomena to Library Classification. Nela, Ranganathan estabelece Cânones de Classificação que envolvem três planos de trabalho: o das ideias, o verbal e o notacional. O rigor para a ordem dos elementos em seus diversos níveis – as classes e subclasses e os elementos em seu interior – se justifica porque tal ordem é a base para o sistema de notação e é este que vai mecanizar o arranjo dos livros nas estantes. Tesauros e taxonomias não visam a organização física, mas a organização do conteúdo dos documentos; portanto, os cânones para o plano notacional não são analisados aqui nem aqueles relativos ao plano verbal, pois a estrutura do esquema de classificação deveria poder representar os assuntos – reunião de ideias/características – dos livros, pela notação, o que não é o caso de tesauros e taxonomias. Para estes últimos, são suficientes os cânones do plano das ideias, ou seja, os princípios para organização das classes, das subclasses e dos elementos no interior destas, a saber das cadeias e renques.

Este texto aborda, de maneira sucinta, as bases teóricas de Ranganathan para a Classificação.

Ranganathan apresenta primeiro os Princípios Normativos, gerais, depois os Cânones para construção das classes, e sub-classes e, a seguir, os cânones para ordenação dos elementos dentro delas. Por último – conforme exposto no Método Analítico-Sintético, estabelece as Categorias Fundamentais, como princípio para ordenação das classes. Os cânones, princípios e categorias fundamentais se aplicam tanto à apresentação de uma taxonomia quanto à apresentação sistemática de um tesauro, pois o método de construção e as bases teóricas de ambos são os mesmos.

(Kumar) salienta que

“os princípios normativos de classificação têm sido reconhecidos há algum tempo e provaram ser altamente úteis. Eles fornecem uma base científica para o campo da classificação. As estruturas das tabelas de classificação e os classificacionistas foram estruturando seu uso em vários níveis. Estes princípios podem servir a muitos objetivos, como :
(I) servir de base para uma tabela de classificação, levando a um enfoque científico. Como tal, uma tabela deveria ser planejada segundo a orientação fornecida pelos princípios normativos. Estes princípios são úteis também para a remodelação de tabelas existentes;
(II) o estudo crítico de uma tabela pode ser feito com o auxílio destes princípios;
(iii) os princípios podem ser muito úteis para a comparação de diferentes tabelas de classificação;
(IV) a interpretação de regras e tabelas pode ser feita com sua ajuda;
(V) estes princípios podem fornecer orientação para um classificador em seu trabalho diário de classificação;
(VI) eles são úteis no desenvolvimento de uma teoria e também fornecem base científica para a teoria.”

Sumário

PRIMEIRA PARTE: DA CLASSIFICAÇÃO

2. PRINCÍPIOS NORMATIVOS

O esquema a seguir apresenta os Princípios Normativos em níveis (à esquerda) e como são nomeados (à direita):

Nível     Nome dos Princípios Normativos
1. Leis básicas do pensamento    Leis Básicas
2. BiblioteconomiaLeis Fundamentais
3. ClassificaçãoCânones
4. Sequência útil nos RenquesPrincípios
5. Atividade de ClassificaçãoPostulados e Princípios para Sequência de Facetas

As Leis Básicas “governam o processo do pensar [e] são invocadas quando duas ou mais Leis da Biblioteconomia ou Cânones de Classificação levarem a decisões conflitantes ou diferentes, igualmente válidas.”

As Leis da Biblioteconomia “governam as diversas disciplinas do âmbito da Biblioteconomia [e] são invocadas somente quando dois ou mais Cânones de Classificação levarem a divisões conflitantes e igualmente válidas.” Tais cânones são aqueles relativos aos três planos de trabalho antes referidos (das ideias, verbal e notacional).

Os Cânones de Classificação, de Sequência Útil e os Postulados e Princípios para Sequência de Facetas são invocadas quando se constrói um esquema de classificação ou no momento de sua extensão.

Segundo a Teoria da Classificação de Ranganathan, qualquer atividade de sistematização de objetos/referentes – concretos ou abstratos – leva em consideração a adoção dos Princípios Normativos que, para ele, nada mais são do que leis.

2.1 Leis Fundamentais

No nível da Biblioteconomia Ranganathan estabelece as seguintes leis:

Leis da Biblioteconomia
Leis da Interpretação
Lei da Imparcialidade
Lei da Simetria
Lei da Parcimônia
Lei da Variação Local
Lei da Osmose

2.1.1 Leis da Biblioteconomia

Em sua obra The Five Laws of Library Science, Ranganathan desenvolve as leis no ambiente biblioteconômico; nos Prolegomena, focaliza sua aplicação na classificação de livros.

1. Lei – Livros são para Uso

A organização de livros por autor talvez fosse prática comum por volta dos anos 30. Sabemos que, na área de Literatura, as obras literárias são organizadas em muitas bibliotecas de pesquisa segundo o nome de seus autores. Esta “sequência é, sem dúvida, útil para um leitor que deseja livros de um determinado autor. Mas a experiência nas bibliotecas mostra que mais leitores procuram livros sobre um determinado assunto do que por um determinado autor. Segue-se, portanto, que os assuntos dos livros devem determinar sua sequência útil”. Isto é o que nos diz a 1. lei. Ranganathan explica que os livros são para uso como uma ideia incorporada nos livros e não como uma mercadoria física, nem mesmo como produção de determinados indivíduos, exceto no caso de clássicos e obras de literatura.

A introdução de técnicas visando a recuperação de informação esteve sempre ligada à recuperação de assunto. Dentre elas, podemos citar o unitermo (com a introdução do arquivo invertido), ainda como uma técnica manual, mas que foi facilmente utilizada em meio eletrônico, em especial nas bases de dados. A nova tecnologia introduziu a chamada indexação coordenada, em que os assuntos, naquele momento, eram representados por palavras simples – unitermo – para permitir arranjo e combinação de tais ideias no momento da busca, o que não era possível com esquemas pré-coordenados, como as tabelas de classificação e o tradicional cabeçalho de assunto. A indexação coordenada levou à necessidade de se criar um instrumento de controle das idéias/do vocabulário. Neste momento, surgem os tesauros. Os primeiros tesauros documentários ainda estavam ligados à unidade linguística, ou seja, à palavra, o que é compreensível, pois surgiu em ambiente computacional. O tempo mostrou, no entanto, que algumas idéias precisavam ser representadas por grupos de palavras, ou seja, evoluiu-se para o controle de termos/conceitos, que representam unidades de conhecimento. Neste momento, a Teoria da Classificação encontrou novo espaço: apresentado em sua forma alfabética, os tesauros documentários não permitiam perceber que em sua base havia um sistema de classificação para construir a hierarquia dos termos/conceitos (CAMPOS, A.). Um olhar pelos diferentes tesauros disponíveis na internet vai mostrar que o arranjo alfabético é ainda o mais comum. Mas começam a surgir apresentações sistemáticas, evidenciando o uso de princípios de classificação nas hierarquias, formato que vai ao encontro desta Lei, uma vez que facilita para o leitor encontrar os termos mais adequados para a representação de suas ideias.

Dispositivos de acesso on line como menus/diretórios, foram, provavelmente, fatores que motivaram o uso da taxonomia com tal função, ferramenta que também se vale de classificação nas hierarquias, indo igualmente ao encontro da 1. Lei de Ranganathan.

O surgimento de tesauros e taxonomias confirmam o argumento de Ranganathan, que muito frequentemente os leitores desejam recuperar documentos sobre assuntos e não por um determinado autor. Para a busca inteligente de livros e outros recursos disponíveis na internet, tesauros e taxonomias são meios muito relevantes.

2. Lei – Para cada Leitor, seu Livro

O foco desta Lei é o leitor, ou seja, é necessário o atendimento a uma dada necessidade. Ranganathan apresenta dois argumentos para que esta Lei seja atendida: reunião de todos os livros sobre um assunto e sequência de assuntos.

Todos os Livros sobre um Assunto: “Quando um leitor procura informação sobre um dado assunto, o arranjo dos livros na biblioteca vai ser útil para ele somente se todos os livros sobre um assunto estiverem reunidos. Ele será mais bem servido ainda se eles estiverem reunidos dentro de cada assunto por suas línguas, e se aqueles em qualquer grupo linguístico estiverem na sequência por ano de publicação, ficando os mais recentes no final de cada grupo. Este é um dos resultados da aplicação da Segunda Lei da Biblioteconomia.”

O argumento de Ranganathan requer um sistema pré-coordenado, como é o caso das tabelas de Classificação, em especial de sua Colon Classification (CC), cuja notação pode conter códigos para representar os vários aspectos tratados num livro descrevendo, assim, o assunto de maneira mais completa. A CDU foi a primeira tabela de classificação que tentou a representação do assunto dos livros de modo mais completo, através de suas tabelas auxiliares empregando sinais para indicar alguns aspectos (por exemplo, tempo, língua). A tecnologia da informação, ao permitir acesso a um assunto por qualquer de seus aspectos, eliminou a necessidade de uma ordem de citação destes elementos e, mais, permitiu arranjo e combinação de dois ou mais aspectos na formulação de busca. Mas não derrubou o argumento de Ranganathan, apenas a tecnologia atual atende o leitor de modo diferente, ou seja, através da pós-coordenação e rígido controle dos metadados.

Sequência de Assuntos: “A Segunda Lei leva a outra ação. Poucos leitores têm capacidade de nomear exatamente os assuntos específicos de seu interesse no momento; em geral, pensam [num assunto] mais amplo ou mais específico. Suponhamos que um leitor peça material sobre Finanças Públicas. Não é suficiente que todos os livros sobre o assunto estejam reunidos. É bem provável que o leitor deseje realmente algo mais especializado do que sugere seu pedido, e que o foco real de seu interesse seja uma subdivisão de Finanças Públicas, como Orçamento, Impostos, Imposto Territorial, Imposto de Renda, Imposto de Transmissão Causa Mortis, ou Dívida Pública. Portanto, vai ser mais útil para ele se os livros sobre estes assuntos se seguirem logo após Finanças Públicas. Assim, a Segunda Lei requer que os próprios assuntos sejam arranjados de acordo com seu grau de filiação….”

Seu argumento é válido tanto para o arranjo físico dos livros nas estantes como para a organização das informações em um sistema on-line, quando este disponibiliza, para o leitor, o vocabulário sistematizado através de um diretório ou menu e, ainda, a adoção de uma terminologia mais próxima do leitor. Além disso, a apresentação sistemática leva o leitor a encontrar o tópico mais específico desejado, atendendo, assim, o que dispõe a Segunda Lei.

3. Lei – Para cada Livro, seu Leitor

O foco desta Lei é o Livro. Ranganathan usa uma linguagem interessante para justificar esta lei, dando vida aos livros. Segundo ele, os livros estão “ansiosos” para encontrar os leitores adequados a eles, pois “seu destino, por assim dizer, são as mãos dos leitores.” Para isso “eles querem ser arranjados de tal modo que haja grande probabilidade de que sejam encontrados pelos leitores apropriados.” O exemplo oferecido por ele se refere à organização de assuntos: “um livro sobre Solo pode interessar tanto a quem está querendo uma obra geral sobre o tópico como para quem está interessado em Adubação. Ao ordenar Adubação depois de Solo há grande probabilidade que o leitor o encontre. Da mesma forma, o tópico Cultivo deve ser colocado depois de Solo e antes de Adubação.” Esta Lei focaliza, de um lado, o aspecto sistemático que num sistema online vai oferecer a visão geral do acervo, facilitando o encontro dos livros com o leitor. De outro, privilegia o tratamento dado ao livro.

Da mesma forma que uma classificação só permite que cada Livro seja classificado em uma única classe, também numa taxonomia ou num índice alfabético online somente um aspecto pode ser acessado. Ranganathan chama a atenção para o papel do catálogo, pois ele vai permitir o acesso a outros aspectos de um assunto não privilegiado pela notação. Num sistema pós-coordenado, a catalogação/indexação de assunto realizada com uma política consistente e com vocabulário controlado são fundamentais para atender a 3. Lei. A combinação de aspectos, no entanto, não é possível pelos diretórios ou menus, mas apenas através da caixa de busca.

4. Lei – Poupe o tempo do leitor

As quatro Leis citadas “levam nosso pensamento para assuntos específicos e à necessidade de uma razoável sequência de filiação ou um arranjo útil deles.” Para Ranganathan, as sugestões dadas para o arranjo na 2. Lei atendem igualmente a esta Quarta Lei. E também apoiam as demandas da Terceira Lei no que se refere à catalogação analítica de assuntos. Mas ele alerta para um pouco de reflexão sobre o arranjo alfabético, que organiza os assuntos por seus nomes e não pela sequência de filiação, o que não a recomenda como meio de arrumar os assuntos.

No meio digital, é bastante recomendável que um serviço apresente uma taxonomia ou uma parte sistemática de um tesauro na tela. Além disso, pelo menos dois dispositivos contribuem para o atendimento a esta Quarta Lei:
1) adoção do termo mais plausível de ser buscado pelo usuário, quanto ao uso corrente e quanto à especificidade
2) adoção de um dispositivo no sistema de recuperação de informação de sorte que, mesmo buscando por um termo não-preferido, o sistema automaticamente aceite o termo e recupere a informação via termo preferido. Assim, com um único passo, o leitor acessaria a base de dados.

5. Lei – A Biblioteca é uma organização em crescimento

A despeito do crescimento da coleção de uma biblioteca, o arranjo deve facilitar o serviço dos livros necessitados por um leitor, de modo preciso, exaustivo e rápido, não importa o tamanho da biblioteca ou da taxa de crescimento da coleção ou da taxa de aparecimento de novos assuntos.

Ranganathan afirma em algum lugar que um sistema de classificação deve ter hospitalidade, ou seja, deve permitir sempre a inclusão de novos tópicos. E isto está implícito na Quinta Lei.

Sumário

2.1.2 Leis da Interpretação

Segundo Ranganathan, tais leis são bastante conhecidas na Filosofia Hindu. Ele alerta que cânones e princípios devem ser considerados como textos legais e, em caso de conflito, deve-se usar as Leis da Interpretação. Admite que “periodicamente as regras – e menos frequentemente, até mesmo os princípios e cânones – devem ser corrigidas à luz da experiência, de modo a remover antigos conflitos e reduzir os novos ao mínimo.”

2.1.3 Lei da Imparcialidade

Na ordenação de duas classes, a ordem de precedência deve ser feita com base suficiente e não arbitrariamente. Não se deve adotar uma decisão ad-hoc.

Por exemplo, na sistematização do universo de conhecimento relativo à Indústria do Couro, a classe Pele deveria preceder a classe Couro, da qual decorre. A classe relativa a Defeitos da Pele deveria suceder à classe Pele e a Classe Defeitos do Couro deveria suceder à classe Couro. Desse modo não haveria qualquer diferença de tratamento ou privilégio na ordenação das classes. Numa taxonomia sobre Literatura, ao reunir as diferentes manifestações segundo a língua, a classe de literatura de língua portuguesa deveria iniciar com Portugal e não com o Brasil. Na Classificação Decimal de Dewey seus editores tradicionalmente privilegiam outros aspectos em detrimento de uma ordem lógica. O exemplo a seguir mostra claramente a ênfase na religião cristã:

Dewey, 200: Religion
210 Natural theology
220 Bible
230 Christian theology
240 Christian moral & devotional theology
250 Christian orders & local church
260 Christian social theology
270 Christian church history
280 Christian sects & denominations
290 Other religions

2.1.4 Lei da Simetria

Quando duas entidades ou situações puderem ser consideradas simétricas, deve-se dar o mesmo peso no tratamento da questão. Numa Tabela de Classificação Facetada, isto é, construída segundo a Teoria de Ranganathan, isto poderia ser resolvido, por exemplo, com uma indicação do tipo “subdividir como”, como sugerem edições recentes da Dewey Decimal Classification. A Literatura é um bom exemplo. Se a Literatura de uma língua for subdivida por gênero literário, o mesmo procedimento deve ser adotado para as literaturas de outras línguas.

2.1.5 Lei da Parcimônia

Havendo mais de uma alternativa para um dado fenômeno, adotar aquela que implique em economia – de mão-de-obra, de material, de dinheiro ou outra. Esta lei só pode ser adotada quando há alternativa, enfatiza Ranganathan. Se for o caso de se criar um sistema de notação, deve-se evitar codificação extensa. Acreditamos que esta Lei vai ao encontro, em alguns casos, da Quarta Lei da Biblioteconomia “Poupe o tempo do leitor”. Ranganathan aborda o fato de uma alteração num esquema de classificação exigir a reclassificação de todo o material, situação que feriria esta Lei. No caso do tesauro, quando há alteração no vocabulário, evita-se a re-indexação acrescentando-se notas que orientam o leitor (e o indexador) sobre o uso do termo que foi alterado remetendo também para o novo termo. De fato, tal medida estaria atendendo a Lei da Parcimônia, evitando a re-indexação provocada pela alteração no vocabulário de indexação.

No Tesauro ERIC- Education Resources Information Center, há casos em que, na tela de um termo preferido pelo Sistema, atualmente em uso, existe a indicação dos termos que deixaram de ser usados e também do período durante o qual foram usados (indicado entre parênteses).

Ex. Cultural Influences
Used For: Cultural Exchange (2004); Cultural Factors (1966 1980); Cultural Hegemony (2004); Cultural Interrelationships (2004); Cultural Lag (2004); Culture Contact (2004); Culture Lag (2004); Hegemony (2004)

2.1.6 Lei da Variação Local

Esta lei afeta diretamente o sistema notacional. Ela estabelece que aos usuários de qualquer disciplina ou técnica deve-se oferecer alternativas tanto de uso geral como de uso estritamente local para um mesmo fenômeno. Por exemplo, um assunto de interesse local pode estar reunido na estrutura geral do esquema, para atender a um público geral, e também sob uma estrutura que reflita as características locais. Este princípio provavelmente não apresentará interesse na construção de taxonomias porque atualmente os serviços são especializados, voltados para um público específico. O fato de se disponibilizar tais serviços na internet não significa que seus responsáveis tenham qualquer outro compromisso de atendimento a não ser com seu público alvo. No entanto, num serviço de cooperação supra-regional a questão levantada por Ranganathan poderia surgir.

2.1.7 Lei da Osmose

Ocorre quando há mudança no Código de Catalogação ou na Tabela de Classificação e todo o acervo e o catálogo precisam ser refeitos. Ranganathan alerta para o alto custo disto e, neste caso, o retrabalho iria ferir a Lei da Parcimônia. Atualmente, quando a organização é virtual, os mesmos procedimentos propostos acima no tópico sobre a Lei da Parcimônia, poderiam ser adotados aqui.

Os exemplos que Ranganathan oferece em cada uma destas Leis sugerem que elas se relacionam com os procedimentos para Notação de uma Tabela de Classificação. É preciso ter em mente que, em geral, as Leis se referem à necessidade de se estabelecer alguma sequência/arranjo físico dos documentos. Mas não é o caso no ambiente digital. Uma taxonomia, construída para consulta online pode prescindir de uma notação. A ordem no interior das classes, renques e cadeias é imprescindível; e pode ser evidenciada pela indentação, adotando-se as Leis Básicas quando pertinentes. Além disso, alterações na posição de classes, subclasses etc. podem ser feitas apenas na tela, para efeito visual, sem alterar a estrutura interna dos arquivos.

Sumário

3. CÂNONES PARA O TRABALHO NO PLANO DAS IDEIAS

A Teoria de Ranganathan visa a organização de uma Tabela universal do conhecimento para a classificação de livros. A preocupação com um sistema universal tem pouca relevância atualmente. No entanto, se numa determinada área de conhecimento houver algum projeto ou iniciativa de um esquema geral, então cada esquema específico poderia ser desenvolvido de sorte a guardar paralelo e compatibilização entre si. O uso de princípios e métodos comuns seriam um meio de se alcançar este objetivo.

Os Cânones a seguir servem também à atividade de construção de um tesauro ou taxonomia e se limitam ao Plano das Ideias. O quadro a seguir visa fornecer uma visão abrangente do conjunto de cânones a ser analisado nesta seção.

Característica Sucessão de características Renque de classes Cadeia de classes Sequência de filiação
Diferenciação Concomitância Exaustividade Extensão decrescente Classes subordinadas
Relevância Sucessão relevante ExclusividadeModulaçãoClasses coordenadas
Verificabilidade Sucessão consistente Sequência útil    
Permanência   Sequência consistente   

Quadro 1 – Cânones para o Trabalho no Plano das Ideias

Nos Cânones das Características o foco é o conteúdo de um assunto, de um tópico ou de uma ideia, sem preocupação com sua relação com outros assuntos, tópicos, etc.

No conjunto dos Cânones de Sucessão de Características, a característica é vista em seu potencial de organização. Aqui, a orientação visa a sucessão das grandes classes num universo de assunto.

No conjunto dos Cânones relativos ao Renque, o foco está em sua formação e ordem dos elementos em seu interior.

No conjunto dos Cânones relativos à Cadeia, o foco está, igualmente, em sua formação e ordem dos elementos em seu interior.

Por fim, no conjunto de Cânones relativos à Sequência de Filiação estão os princípios para construção de uma hierarquia rígida e consistente.

3.1 Cânones para Características

Estes cânones “se aplicam à classificação de qualquer universo de entidades.” Destinam-se a produzir classes e subclasses.

3.1.1 Cânon da Diferenciação

“Uma característica usada como base para classificação de um universo deve diferenciar algumas de suas entidades, isto é, deve dar origem a pelo menos duas classes …” Por exemplo, a característica “brilho”, no universo de Tintas e Vernizes, pode dar origem a uma classe de Tinta fosca, Tinta semi-fosca, Tinta brilhosa; a característica “componente” produzirá a classe de Tinta a óleo, Tinta a água, Tinta à base de resina, entre outras, e assim por diante. No universo de Adornos para o tronco, num tesauro de cultura material indígena, a característica “forma” poderá originar uma classe de Colar: Colar-apito, Colar de anéis, Colar de pingentes. Já, a característica “técnica” poderá dar origem a outra classe de Colar: Colar tecido, Colar trançado. Em um tesauro de gastronomia a característica “técnicas de cocção” pode produzir as classes: assado, fritura, grelhado, guisado, refogado.

3.1.2 Cânon da Relevância

“Uma característica usada como base para a classificação de um universo deve ser relevante para o propósito da classificação.” O propósito deve ser entendido como o tipo de público pretendido, sua tradição, sua necessidade potencial de informação, dentre outros. Ranganathan oferece como exemplo, na Literatura, a Língua, o Gênero e o Período como as três características usadas pela Classificação Decimal de Dewey ao classificar os assuntos daquele universo. Na Colon Classification Ranganathan selecionou as características Língua, Gênero, Autor e Obra como as mais significativas.

A seleção das características não deve ser aleatória, mas também deve servir ao propósito da classificação. No universo de Cultivos agrícolas, características relativas ao valor nutritivo dos alimentos não são relevantes para formar as classes. Muitas vezes, para tornar visível a característica selecionada para formar as sub-classes, ela é explicitada nos tesauros pela “característica de divisão”. Ranganathan sugere que se faça uma seleção quando as características forem numerosas. Mas reconhece que ainda não há uma resposta definitiva sobre como fazer isto. Provavelmente Ranganathan reconhece esta dificuldade tendo em vista que seu objetivo final era a construção do sistema notacional. Em se tratando de outros tipos de classificação como tesauro e taxonomia, talvez pudesse ser sugerido o método de tentativa e erro para selecionar características úteis, ou seja, em primeiro lugar deveriam ser selecionadas as características relevantes e verificadas as possíveis classificações destas derivadas. Em segundo lugar, seriam retidas somente as características que gerassem classificações úteis ao público alvo. As possíveis características relevantes dão origem a diferentes classificações que podem não ser úteis ao público alvo. Entretanto, há casos em que há necessidade de se esgotar as várias características de divisão existentes para um objeto, sob pena de se sacrificar a qualidade da informação. Por exemplo, no universo da cultura material dos índios no Brasil, os detalhes são de extrema importância para a identificação dos objetos, considerando-se, de um lado, a precariedade e inconsistência ainda existentes na terminologia da área para sua representação, e, de outro, a importância dos detalhes para indicação das peculiaridades de cada etnia. Por exemplo, no caso da classificação de “adorno corporal”, foi importante exibir as seguintes características de divisão:

ADORNO CORPORAL
      (segundo a faixa etária)
      (segundo a parte do corpo onde é usado)
      (segundo a forma de uso)
      (segundo a técnica de confecção)
      (segundo a forma do adorno)

3.1.3 Cânon da Verificabillidade

A característica usada como base da classificação deve ser definitiva e verificável. “Um universo de entidades pode ter muitas características relevantes, mas nem todas poderão ser verificáveis. Este Cânon enfatiza que somente as características verificáveis devem ser escolhidas para a divisão do esquema de entidades.” Não sendo possível adotar uma característica verificável, deve-se voltar para o Cânon da Relevância.

Por exemplo, no universo de Doenças, se ainda faltar conhecimento científico suficiente para caracterizar a natureza de uma doença, a característica relativa à sua provável natureza deve ser evitada como base para para sua classificação.

3.1.4 Cânon da Permanência

Uma característica usada para classificar um universo deve permanecer enquanto não houver mudança no propósito da classificação. Como exemplo, Ranganathan cita o uso de cor como característica para classificar o camaleão; ou a dificuldade de classificar os políticos por sua posição política, uma vez que não são características permanentes daqueles objetos e, por isso mesmo, não são verificáveis a qualquer momento. Isso traria implicações para o Cânon da Verificabilidade.

A questão da imutabilidade, da permanência de determinada característica usada como base da classificação, referida nos dois últimos Cânones, deve ser observada com cuidado. A distinção entre temporário e permanente é vaga, em se tratando de conhecimento técnico-científico. A característica geo-política é também uma das que podem ser alteradas a qualquer momento, haja vista a questão da Alemanha Oriental, ou da China Comunista. Uma classificação que tivesse tomado por base a característica “países de regime comunista”, hoje estaria enfrentando dificuldades, já que vários países outrora pertencentes ao bloco comunista não são mais considerados como tal. Este exemplo e tantos outros que podem ser citados como decorrências naturais da dinâmica técnico-científica-histórico-geográfica, levam a crer que o Cânon da Verificabilidade deve ter alguma precedência sobre o Cânon da Permanência.

A não observância do Cânon da Permanência alteraria o sistema de notação, daí a orientação de Ranganathan. Já num tesauro ou taxonomia uma mudança eventual não causaria maior problema na apresentação sistemática; a alteração produzida pela inclusão ou substituição de nova característica relevante estaria atendendo ao Cânon da Relevância.

3.2 Cânones para Sucessão das Características

Os cânones incluídos nesta classe “se aplicam à classificação de qualquer universo de discurso.”A sucessão de características numa tabela de classificação deve satisfazer os Cânones a seguir. São normas do senso comum e nenhuma tabela de classificação deve violá-las.

3.2.1 Cânon da Concomitância

Num esquema de classificação não se deve usar características que produzam o mesmo renque. Ranganathan dá como exemplo o ano de nascimento e a idade. Adotando estas duas características para classificar um conjunto de indivíduos, teríamos como resultado a mesma série.

3.2.2 Cânon da Sucessão Relevante

No Cânon da Relevância Ranganathan propõe orientação para a identificação e seleção de características relevantes num universo de assunto. Aqui a sucessão destas características “deve ser relevante para os propósitos da classificação.”

Numa taxonomia ou num tesauro online a sucessão das características revela para o usuário a extensão da informação contida numa base de dados e a lógica – ou, em alguns casos, a visão de mundo – adotada para agrupar essa informação. Numa busca, este dispositivo pode orientar melhor o usuário. Por exemplo, em um tesauro de Construção civil pode-se apresentar as partes de uma construção pela ordem de realização da obra; assim, teríamos
    Obra de engenharia
        Infraestrutura
        Estrutura
        Supraesrutura

3.2.3 Cânon da Sucessão Consistente

Uma vez adotada uma sucessão de características, ela deve ser usada de modo consistente. Por exemplo, na Colon Classification Ranganathan escolheu, na Classe História, como características principais: Comunidade, Organizações do Estado, Atributo das Organizações e Período. Esta orientação é relevante quando se pensa na construção de uma tabela de classificação onde as características em geral são eleitas quando do planejamento da tabela, aprioristicamente, independentemente dos recursos que venham a ser incorporados à base de informação. Mas, numa taxonomia, que é construída tomando por base recursos existentes, nem todas as características poderão estar presentes. No entanto, tendo este princípio em mente, à medida que novos recursos sejam incorporados à base de informação, a adoção deste princípio garantirá consistência quando da introdução de uma nova característica. Para evitar futura inconsistência a sucessão de características deve ser estabelecida no momento do planejamento e não ad-hoc,.

3.3 Cânones para Renques

Neste conjunto de Cânones estão reunidos os princípios para construção dos renques .

Renques são classes de termos formadas a partir de uma única característica de divisão. O ponto de partida para a formação de renques seria, então, a definição de cada conceito a fim de identificar a característica genérica. O conjunto de termos com esta característica comum formaria um renque onde seus componentes guardam entre si uma relação de coordenação, formando uma série horizontal.

No universo da Economia, por exemplo, os conceitos “ações”, “cadernetas de poupança”, “cotas de fundos de investimentos”, “debêntures”, “depósitos a prazo”, “RDBs” seriam termos coordenados e formariam um renque, já que sua característica comum é serem todos “títulos financeiros”, ou seja, “documentos ou registros contábeis representativos de quantia disponível, ou que se tornará disponível para o seu detentor”.

Outro exemplo: “política comercial”, “política fiscal” e “política monetária” seriam termos coordenados e formariam um renque, já que sua característica comum é serem todos uma “política”, ou seja, “um conjunto de diretrizes, normas ou medidas”.

Alamoa, Avianca-língua, Barba-ruiva, Boitatá, Boto formam um renque, pois são conceitos coordenados pertencentes à classe Ser mitológico, ou seja, “protagonista de relato de tradição oral ou escrita que, sob a forma de alegoria, simboliza e explica um fato natural, histórico ou filosófico”.

3.3.1 Cânon da Exaustividade

Ranganathan recomenda exaustividade num renque de classes. Num tesauro, isto significa que a exaustividade deve ser buscada em todos os conceitos O tesauro é construído seguindo esta orientação; como instrumento de trabalho para o indexador, mapearia todo o universo de assunto, antecipando-se a futuras necessidades da indexação. Uma taxonomia online, ao contrário, tem outro objetivo, qual seja, o de mapear um universo de recursos/documentos existentes numa base. Assim, um renque não será, necessariamente, exaustivo.

3.3.2 Cânon da Exclusividade

“As classes em um renque … devem ser mutuamente exclusivas”, ou seja, nenhuma entidade pode pertencer a mais de uma classe. Isto pode ser evitado se as classes de um renque forem derivadas de “seu universo imediato, com base em uma e única característica.” Esta, é a que identificará a classe da qual deriva, ou seja, gênero próximo. No universo da Economia, um exemplo é o que se refere ao termo ‘exportação’. Por definição, exportação tanto pode ser o ‘processo de venda de bens e de serviços a outra região ou país’, quanto ‘quantidade física ou valor dos produtos vendidos a outra região ou país’. Num tesauro ou taxonomia, segundo o Cânon da Exclusividade, o termo ‘exportação’ não poderia ser classificado como processo e ainda como entidade. Uma sugestão para que os dois conceitos pudessem constar de um tesauro em classes mutuamente exclusivas, seria classificar o termo ‘exportação’ como processo, e adotar a forma plural ‘exportações’, classificando-a como entidade. Ou, utilizando um qualificador – Exportação (processo). Qualquer destas soluções pode ser eficaz, se o vocabulário de indexação for acessível ao usuário, tendo em vista que em sistemas online não existe a possibilidade de intermediação para orientar o usuário quanto ao melhor termo. Assim, o Cânon da Exclusividade seria atendido.

3.3.3 Cânon da Seqüência Útil

A sequência das classes num renque de classes deve ser útil aos propósitos da classificação. Várias sequências são possíveis na ordenação dos elementos de um renque. Por exemplo, no Universo de Alimentos, o renque de classes Alimentos naturais e Alimentos processados, apresentados nesta ordem, seria uma sequência lógica. No renque de classes de Alimentos naturais, o renque das classes Grãos, Raízes, Tubérculos, Legumes, Verduras, Frutos poderia ter várias sequências, dependendo dos propósitos da classificação. É disto que trata este Cânon. Há vários princípios para seqüência útil

3.3.4 Cânon da Sequência Consistente

Este Cânon estabelece que classes semelhantes em diferentes renques devem ter uma sequência paralela em todos aqueles renques, “sempre que este paralelismo não contrarie outros requisitos mais importantes.” Assim, a ordem das classes lidando com a História de um país, deve ser a mesma para a História de outros países, sempre que possível. Ranganathan lembra que o dispositivo “dividir como”, na Classificação Decimal de Dewey atende a este princípio.

3.4 Cânones para Cadeias

Cadeia é uma série vertical de classes. Por exemplo, Instrumento de sopro -> Flauta -> Flauta nasal

3.4.1 Cânon da Extensão Decrescente

Este Cânon estabelece que ao descer na cadeia desde o primeiro nível até o último, a extensão das classes ordenadas, conforme o caso, deve diminuir e a intensão aumentar, em cada passo. O conceito de extensão diz respeito a objetos e o conceito de intensão diz respeito a conceitos. Assim, uma classe geral tem pouca intensão (poucas características) e, portanto, abrange uma enorme quantidade de objetos. À medida que as características aumentam, o conceito se torna mais específico e, então, o número de objetos que engloba, diminui. Existe, então, uma relação inversa entre extensão e intensão. No Universo da Economia, “comércio” seria uma grande classe, definida como “atividade econômica que se caracteriza por ser uma operação de troca, ou de compra e venda”; teria pouca intensão (suas características seriam: “operação”, “troca”, “compra”, “venda”), e compreenderia vários objetos: escambo, comércio interno, comércio varejista, comércio atacadista, comércio externo, comércio internacional, comércio de cabotagem, etc. , que conteriam todas as características de “comércio” e, pelo menos, mais uma especificadora para cada tipo citado.

3.4.2 Cânon da Modulação

Uma cadeia de classes deve compreender uma classe em cada passo da subdivisão. Isso significa que não se deve pular passos ao estabelecer uma cadeia de classes. Por exemplo, a classe de Instituições culturais não pode ter como passo imediato na cadeia a classe Bibliotecas públicas; é preciso introduzir entre ambas a classe Bibliotecas. Este cânon é muito importante na elaboração de qualquer sistema de conceitos, seja ele uma tabela de classificação, um tesauro ou uma taxonomia. A observância a este princípio possibilita que cada passo da subdivisão de uma classe fique explícito através de um conceito. Entretanto, com o advento dos índices automáticos, que permitem acesso à base de informação, algumas taxonomias só apresentam na tela os conceitos, em uma cadeia, que possuem informação agregada. Desta forma, no exemplo acima se não existir nenhuma informação sobre o conceito Biblioteca, este conceito não estará presente, mas é necessário, na elaboração, ter em mente que existem diferenças entre instituições como bibliotecas e arquivos, por exemplo. Alguns sistemas, inclusive, respeitando o cânon da modulação, apresentam conceitos com grafia diferente para informar que eles seriam apenas “termos agrupadores”, ou seja, estão presentes apenas para evidenciar a hierarquização dos conceitos, não sendo adotados como termos de indexação, mas permitindo consistência conceitual entre as classes de conceitos.

3.5 Cânones para Sequência de Filiação

3.5.1 Cânon para Classes Subordinadas

Este Cânon estabelece que numa sucessão de classes cada uma deve seguir imediatamente a outra, sem que seja interrompida pela inclusão de uma ou mais classes de natureza distinta. Na Classificação Decimal Universal (ed. 1997), por exemplo, na classe 37 (Educação) a sucessão dos níveis de ensino – elementar, médio e superior – não é respeitada; após o nível médio, ao invés de, numa sequência natural, ser incluído o nível superior, uma série de outros tipos de ensino são mencionados: educação e ensino fora da escola, ensino para grupos especiais, ensino profissionalizante. Este Cânon complementa o Cânon da Modulação, pois se ele for seguido, então a sequência de filiação estará assegurada.

3.5.2 Cânon para Classes Coordenadas

Segundo este Cânon, as classes originadas de uma mesma classe superordenada têm uma sequência de filiação horizontal, formando um renque de classes.

È Sumário

4. PRINCÍPIOS PARA SEQÜÊNCIA ÚTIL

Para decidir sobre o que dispõe o Cânon para Sequência Útil, Ranganathan propõe um conjunto de Princípios que servem para a ordenação em qualquer nível, desde a classe mais geral até a mais específica, sempre que haja um conjunto de elementos que requeiram alguma ordem. São eles:

1. Princípio do Posterior-no-Tempo
2. Princípio do Posterior-na-Evolução
3. Princípios da Contiguidade Espacial
4. Princípios para Medida Quantitativa
5. Princípio da Complexidade Crescente
6. Princípio da Sequência Canônica
7. Princípio da Garantia Literária
8. Princípio da Ordem Alfabética.

Os Princípios listados em 3 e 4 são desdobrados em vários tipos.

4.1 Princípio do Posterior-no-Tempo

Este princípio ocorre principalmente em fenômenos, processos, atividades. Podem ser citados como exemplo, as escolas de pensamento, as religiões, os movimentos culturais e artísticos, os planos econômicos de desenvolvimento. Ranganathan dá como exemplo a Religião e critica as tabelas de Dewey e Universal que, segundo ele, violam este princípio colocando o Cristianismo antes de outras religiões de origem hindu.

4.2 Princípio do Posterior-na-Evolução

Este princípio, como diz o nome, serve para orientar a organização de conceitos ligados a processos evolutivos. Ranganathan oferece o exemplo na área de Ciência Política, conforme a Colon Classification: Anarquia, Primitivo, Feudal, Monarquia, Oligarquia, Democracia. Na Medicina fornece a sequência Embrião, Criança, Adolescente, Velho. De fato, é bastante sutil a diferença entre o princípio anterior e este, pois ambos se referem à contiguidade temporal, mesmo porque o conceito de “evolução” embute a ideia de progressão, o que corresponde à transformação de um processo ou de uma ideia no tempo. Prova é que, em ambos os casos, Ranganathan sugere outro exemplo em outra Seção dos Prolegomena. Trata-se da sequência na área de Estratigrafia, a saber: Arqueozoico, Primário, Secundário, Terciário, Quaternário. Tesauros e taxonomias consideram as relações entre estes conceitos como partitivos em relação ao todo que está sendo classificado; nos casos aqui exemplificados o todo será, respectivamente, a Ciência Política, a Medicina, a Estratigrafia.

4.3 Princípio da Contiguidade Espacial

A sequência defendida neste Princípio se refere, em geral, a um objeto no todo, quando se necessita ordenar os elementos que o compõem, estando numa disposição espacial, que pode ser numa linha direcional, radial ou circular. Nestes casos, sempre que possível, os assuntos devem ser “arranjados numa sequência correspondente”, exceto quando houver um forte impedimento para arranjos deste tipo. Ranganathan especifica vários tipos, observando que na maioria das vezes os princípios ocorrem em pares antitéticos. São eles:

a) Entidades numa Linha Vertical – Aqui se incluem os Princípios “de cima para baixo” e “de baixo para cima”. Por exemplo, na Medicina, Ranganathan sugere o seguinte arranjo de cima para baixo: Cabeça, Rosto, Pescoço, Tórax, Abdômen, Região pélvica, Extremidades superiores, Extremidades inferiores. Neste exemplo, observa-se que Ranganathan seguiu o princípio de cima para baixo, mas, no entanto, ‘Extremidades superiores’ deveria a rigor vir depois de ‘Pescoço’ ou ‘Tórax’. Como exemplo do arranjo de baixo para cima, ele exemplifica, em Botânica, as partes da planta: Raiz, Caule, Folha, Flor, Fruto, Semente.

b) Entidades numa Linha Horizontal – o arranjo pode atender os Princípios de Esquerda para Direita, ou de Direita para Esquerda. Mas Ranganathan não oferece exemplos. Suponhamos haver a necessidade de listar países cortados pela linha do Equador. Qual a justificativa para selecionar um ou outro arranjo? O que parece razoável é manter a consistência de arranjos. Por exemplo, no caso de uma classificação de matemática, arranjar as unidades de medida sempre da esquerda para a direita (começando pelas maiores – km, hm, dam, m …) ou da direita para a esquerda (começando pelas menores – mm, cm, dm, m …)

c) Entidades numa Linha Circular – Aqui dois princípios são propostos: na Direção horária e na Direção anti-horária. Por exemplo, na Astronomia, Nadir e Zênite. Ranganathan exemplifica com os doze signos do Zodíaco.

d) Entidades numa Linha Radial – Aqui dois Princípios são invocados: da Periferia para o Centro e do Centro para a Periferia. O exemplo oferecido é o da Colon Classification, na Medicina: osso, músculo, tecido conectivo, pele, pelo (do centro para a periferia) e alerta que a Rider’s International Classification inicia a série com Tecido. Outro exemplo seria, na área de morfologia botânica, a constituição do pericarpo – o próprio fruto, excluídas as sementes: epicarpo, mesocarpo e endocarpo (da periferia para o centro).

e) Princípio A Partir de um Ponto – o arranjo de um renque pode ser convenientemente ordenado a partir de um ponto, por exemplo, a ordem dos planetas do sistema solar (iniciando com Mercúrio ou terminando com este planeta). Ranganathan apresenta um quadro evidenciando, pela notação, que a Classificação de Bliss inicia com Plutão.

f) Contiguidade Geográfica – “…continentes, países, províncias, distritos ou outras divisões administrativas estão numa superfície e não numa linha. Portanto, a contiguidade não pode ser determinada de uma única maneira. Além disso, as divisões podem ser diferentes em casos diferentes. Portanto, mais de um dos princípios mencionados anteriormente podem ser usados juntos. Ao usá-los em conjunto, não se pode ter uma regra definitiva que sirva a todos. É necessário discernimento/bom senso em cada caso.” Um bom exemplo seria a ordem dos Estados do Brasil, ou a dos países-membros da União Europeia. Que ordem de contiguidade adotar?

4.4 Princípios da Medida Quantitativa

Aqui, também, um par de Princípios é proposto: o de Quantidade Crescente e o de Quantidade Decrescente. A área da Geometria é o exemplo para quantidade crescente, no que se refere ao número de dimensões: linha, plano, três dimensões, cinco dimensões, até n-dimensões. Como exemplo para quantidade decrescente, Ranganathan cita bibliotecas: Biblioteca Mundial, Biblioteca Nacional, Biblioteca Estadual, Biblioteca Distrital, Biblioteca Municipal, atendendo ao princípio de número da população a ser atendida.

4.5 Princípio da Complexidade Crescente

Se os elementos de um renque “mostrarem diferentes graus de complexidade, devem ser arranjados de modo correspondente à sequência de complexidade crescente, exceto quando qualquer outro forte impedimento o exigir.” O exemplo dado é o de Elementos na área de Linguística, adotado por Ranganathan na Colon Classification: som isolado, sílaba, palavra, frase, oração, período … Em tecnologia industrial, poderíamos pensar em: matéria-prima, produto semi-manufaturado, produto manufaturado. Em Biologia, ovo, embrião, feto, criança…

4.6 Princípio da Sequência Canônica

Este princípio consagra a tradição. Se existe uma ordem tradicional para citar um conjunto de assuntos, então ela deve ser adotada, se for conveniente. Os exemplos são inúmeros.

4.7 Princípio da Garantia Literária

Este princípio, introduzido por W. Hulme, estabelece uma ordem para os assuntos de acordo com a quantidade decrescente de documentos publicados ou a serem publicados.

Um exemplo da adoção deste princípio é a categorização da Classificação da Library of Congress para História:
D: History (general)
DA: Great Britain
DB: Austria
DC: France
DD: Germany
DE: Mediterranean
DF: Greece
DG: Italy
DH: Low Countries
DJ: Netherlands
DK: Former Soviet Union
DL: Scandinavia
DP: Iberian Peninsula
DQ: Switzerland
DR: Balkan Peninsula
DS: Asia
DT: Africa
DU: Oceania
DX: Gypsies
(Fonte:Shirky )

Como se observa pela notação, os elementos são considerados de mesmo nível – países, continentes e até etnias (ciganos)! O critério? Número de livros no acervo.

Ranganathan observa: “A adoção deste princípio requer cuidado e bom senso. Num esquema internacional, o princípio deve ser aplicado sem qualquer viés para o país de origem do esquema.” Mas, o exemplo acima, deixa claro que este princípio é citado porque existe quem o adote, mas não deve ser adotado, pois o resultado é desastroso.

4.8 Princípio da Ordem Alfabética

Não por acaso, a ordem alfabética fica por último. Ela deve ser adotada quando nenhuma das outras sequências forem mais úteis. “Em geral, a ordem alfabética não é útil. Portanto, o Princípio da Ordem Alfabética restringe seu campo de ação somente a um conteúdo no qual nenhuma outra ordem seja mais útil. Neste caso, a maior facilidade de usar a ordem alfabética do que outra ordem deve ser aproveitada. Esta é uma exigência da Lei da Parcimônia.”

Sumário

SEGUNDA PARTE: CLASSIFICAÇÃO ANALÍTICO-SINTÉTICA

Nesta Seção estão resumidos apenas os tópicos que apresentam interesse na construção de tesauros e taxonomias. Embora Ranganathan enfatize que apresenta as questões do Plano das Ideias, muitas vezes o faz para justificar a etapa de construção do sistema de notação.

5. CATEGORIAS FUNDAMENTAIS

Até aqui Ranganathan explorou os Cânones para organizar as Classes, Sub-classes, Cadeias e Renques. Agora, é preciso dar uma sequência a estes conjuntos reunindo-os em categorias.

Para isso, o primeiro passo é reunir as facetas segundo as Categorias Fundamentais e, no interior delas, adotar princípios para sua sequência. Ranganathan explica, então, como chegar a elas.

A atividade inicial é buscar o Nível seminal, ou seja, aquele que dá origem a classes com uma característica em comum. Este nível tem um grau de profundidade que é preciso descobrir.

Classificar é mapear, organizar. Ranganathan alerta para a dificuldade de colocar numa linha milhões e milhões de ideias, com “miríades de possíveis relações-imediatas-de-vizinhança entre elas”. “Podemos gastar noites sem dormir e ainda assim não chegarmos perto de uma solução segura. Se não formos estudiosos sérios de classificação, podemos desistir dizendo: ‘A Classificação é impossível’. Para alguns, a classificação é marcada a ferro como um absurdo lógico”.

Para fugir desta situação Ranganathan propõe um método adequado que seria “chegar ao nível fenomenal mais e mais próximo do nível seminal: o aprofundamento leva a um número cada vez menor de exemplos (patterns), em qualquer universo de ideias em que se dá este aprofundamento. Mas, pergunta Ranganathan, descer até onde? Cada vez que descemos até o nível primitivo encontramos apenas uma ideia, então desaparece a questão do arranjo. Até onde recuamos? “Até próximo do último nível. Devemos tentar vários níveis e descobrir qual o mais confortavelmente útil. Mas pode-se levar uma vida inteira para tentar todos os níveis – mesmo apenas o mais promissor”.

Embora Ranganathan não cite as fontes que o influenciaram para o desenvolvimento destes pensamentos, não estaria ele ratificando Hegel (apud Schreiner) quando este diz que entende a natureza “como um sistema de níveis onde cada um precede necessariamente o outro, mas não de tal maneira que um é naturalmente produzido pelo outro, mas na idéia interior, que é a base da natureza”?

É preciso chegar a um “nível produtivo” que funcione para fins de classificação. E ele chega a cinco “apenas cinco ideias gerais, “primitivas”, finais onde cabem todos os exemplos. Destas ideias gerais, “primitivas” não se pode afirmar que sejam verdadeiras ou falsas. Se se mostrarem úteis, temos apenas que postulá-las e trabalhar com elas. Os termos que utilizamos para denotá-las devem ser tomados apenas como termos aceitos e não como termos inteiramente definidos. Devemos iniciar deste modo.”

Como surge a classificação postulacional: não se pode estabelecer estas cinco ideias e “sair trabalhando”. “Começamos com ideias com as quais concordamos vagamente e seguimos adiante. Classificando com a ajuda destas, isto ou aquilo vai ficando mais claro e até mesmo sendo modificado, se necessário.” Ranganathan testou seus postulados e princípios relativos às Cinco Ideias Fundamentais (futuras Categorias Fundamentais) a partir de 1955. A atividade prática de classificação “não começou com ideias pré-determinadas” acerca da sequência das facetas, exceto que ela deveria ser útil para a maioria dos leitores. “E os assuntos caem numa sequência útil se forem classificados pelo método postulacional”. Este leva a um resultado consistente em todos os níveis: na sequência dos assuntos, das classes e até mesmo das sucessivas características empregadas nas cadeias e renques.

Ao contrário do que pode parecer, a classificação não é “algo fechado, inflexível”. Ranganathan afirma que a classificação de um assunto com base nos Postulados e Princípios “é feita sem qualquer ideia pré-determinada a respeito de facetas, que deveriam ou não ter, e/ou acerca de seu número, ou acerca de suas sequências. O esquema de classificação resultante é uma Classificação Livremente Facetada em todos os sentidos”.

Voltando às Categorias Fundamentais, Ranganathan pergunta: por que 5 e não 6? “É possível”, responde ele; “qualquer pessoa pode explorar isso, pode gostar de seis. O postulado destas Categorias ampliadas poderia ser aceito se produzisse resultados satisfatórios nos arranjos dos assuntos dos artigos … [na notação] linear”.

As Categorias Fundamentais têm-se mostrado satisfatórias “ao longo dos anos”. E assim mesmo “podem produzir ideias diferentes.” Categorias Fundamentais é uma expressão que não pode ser definida a não ser por sua enumeração, porém os testes realizados por Ranganathan, a partir de 1955, de seus postulados e princípios relativos às Cinco Ideias Fundamentais, levam-nos a crer que “categorias fundamentais” poderiam ser entendidas como “categorias as mais genéricas possíveis e passíveis de se manifestarem de diversas formas, capazes de hospedar todos os objetos da natureza até então conhecidos pelo Homem, e de classificá-los de acordo com sua natureza conceitual, cada um numa e somente numa categoria.” A seguir, uma explicação sobre cada uma delas.

Tempo – esta categoria fundamental está “de acordo com o que geralmente entendemos por esse termo. “As Ideias isoladas de Tempo – como milênio, século, década, ano, e assim por diante – são suas manifestações. Ideias de Tempo de outras espécies – como dia e noite, estações como verão e inverno, tempo com qualidade meteorológica – como úmido, seco, tormentoso – também são manifestações da Categoria Fundamental “Tempo”.

Espaço – por “espaço” pode-se entender o local de pertencimento de um dado objeto, seja ele indivíduo, coisa, ideia, fenômeno, entre outras entidades. A superfície da terra, o espaço dentro dela e o espaço fora dela são manifestações desta Categoria Fundamental.

Energia – sua manifestação é ação de uma espécie ou outra. A ação pode ser entre e por todas as espécies de entidade, inanimada, animada, conceitual, intelectual e intuitiva.

Matéria – suas manifestações são de duas espécies – Material e Propriedade. “Pode parecer estranho que a propriedade esteja junto com material. Mas peguemos uma mesa como exemplo. A mesa é feita do material madeira ou não, conforme o caso. O material é intrínseco à mesa, mas não é a própria mesa. Principalmente, o mesmo material pode aparecer também em diversas outras entidades. Assim também, a mesa tem a propriedade de ter 2-1/2 pés de altura e a propriedade de ter um tampo suave ou áspero. Esta propriedade é intrínseca à mesa, mas não é a própria mesa. Ainda mais, a mesma propriedade pode se apresentar também em várias outras entidades.” Isto ocorre quando o material é integrante do objeto podendo-se constituir como uma de suas características.

Personalidade – categoria fundamental de grande dificuldade de identificação. Ranganathan propõe o método do resíduo para identificar sua manifestação: não é “Tempo”, não é “Espaço”, não é “Energia”, ou “Matéria”, portanto “é considerada uma manifestação da Categoria Fundamental “Personalidade”. Aqui ele aplica o princípio hindu “Não é isso, não é isso”.

5.1 Sequência das Facetas

Faceta é um termo genérico utilizado para denotar qualquer componente de um domínio com suas cadeias e renques, ou seja, a classe mais geral em um universo de ideias. Por exemplo, em Agricultura, seriam Facetas: Solo, Cultivares, Implementos agrícolas, dentre outras. No universo da Indústria do Couro, como exemplo, teríamos as Facetas: Pele, Couro, Defeitos da pele, Defeitos do couro, Tanantes, Curtimento. A Sequência de Facetas, nos Prolegomena têm por objetivo organizar as facetas visando a construção do sistema de classificação. Nos tesauros e taxonomias esta sequência é fundamental para apresentação sistemática destes instrumentos. Ranganathan apresenta cinco Postulados para sequência de Facetas que visam a representação do assunto do livro. Para tesauros e taxonomias somente os postulados a seguir têm sentido. Depois de determinar as diversas facetas que ocorrem num universo de ideias, os postulados a seguir fornecem a necessária orientação para sua sequência.

5.1.1 Postulado da Primeira Faceta

Num universo que compreende várias áreas de conhecimento, a Faceta Básica deve ser a primeira a ser estabelecida. Para identificar a Faceta Básica é preciso “ter conhecimento geral” do esquema. Por exemplo, Doenças das plantas pertence ao universo Agricultura. Esta, seria a Faceta básica; Imposto de Renda pertence ao universo de Economia e esta seria a faceta básica; e assim por diante. Isto é válido para um tesauro que trabalhe com uma área canônica. Mesmo em tesauros e taxonomias que são, em princípio, especializados em algum universo de ideias, pode haver mais de uma Faceta Básica, para denotar as áreas do universo de ideias. Por exemplo, quando se estuda a questão indígena no Brasil, o mapa conceitual desta área revela-se multifacetado, ou seja, várias facetas básicas, e não somente uma, afloram para denunciar as ideias envolvidas no universo da etnologia indígena: cultura material, cultura imaterial, etnografia, política indigenista seriam algumas delas. Quando se trata de sistematizar uma área de assunto classificada como missão ou problema, em que os tópicos não são verticalizados como em uma disciplina tradicional (canônica), o primeiro recorte são as categorias. Por exemplo, no Tesauro de Folclore, a cultura popular brasileira possui como facetas básicas as seguintes categorias: Personalidade (manifesta nas Facetas:Artefato, Alimento..); Material (manifesta na Faceta Matéria prima); Energia (manifesta nas Facetas: Atividade ritual, Atividade literária, Atividade musical, Atividade produtiva…); Espaço e Tempo. É importante observar que se evitou criar Facetas como Música, Literatura, preferindo Atividade musical, Atividade literária, porque tais atividades se restringem à cultura popular e não englobam a Literatura e a Música, que são áreas canônicas.

5.1.2 Postulado da Concretude

Aqui Ranganathan invoca as Categorias Fundamentais, organizadas em concretude decrescente, ou seja, nesta ordem: Facetas relativas à Categoria Fundamental Personalidade, Facetas relativas à Categoria Fundamental Matéria, Facetas relativas à Categoria Fundamental Energia, Facetas relativas à Categoria Fundamental Espaço e Facetas relativas à Categoria Fundamental Tempo. A sequência das Facetas relativas a cada uma das Categorias Fundamentais deve obedecer aos Cânones para o Trabalho no Plano das Idéias .

Na apresentação sistemática do tesauro de Cultura material indígena a ordem das facetas segundo tal Postulado seria Artesanato, Povo indígena (pertencentes à Categoria Fundamental Personalidade); Matéria prima [usada na confecção de artefatos diversos] (pertencente à Categoria Fundamental Material); Técnica artesanal (pertencente à Categoria Fundamental Energia) Localidade geográfica (pertencente à Categoria Fundamental Espaço); Período (pertencente à Categoria Fundamental Tempo).

Ainda na Seção relativa à sequência de Facetas Ranganathan inclui um capítulo Todo, Órgãos e seus Componentes. Suas considerações a respeito são úteis na elaboração de tesauros e taxonomias, ali caracterizadas como relações partitivas, apresentadas a seguir.

Sumário

6. RELAÇÕES PARTITIVAS

As relações hierárquicas são tradicionalmente aquelas presentes nas classificações da ciência. Até aqui Ranganathan explorou estas relações, embora não as denomine assim. Mas reconhece a existência de outras relações, nomeadamente a partitiva. Em geral, este tipo de relação é considerada hierárquica por alguns autores, mas é preferível classificá-la como ontológica em oposição ao relacionamento lógico, tratado aqui exaustivamente por Ranganathan. Fica implícito, aqui, que Ranganathan não considera esta relação hierárquica: não existe uma gradação de importância. Considerar as relações partitivas como hierárquicas se justifica, provavelmente, por fornecer ao esquema de classificação condições de produzir notação que garanta ordenamento físico dos livros nas estantes. Tesauros e taxonomias podem se libertar deste compromisso: não têm necessariamente uma notação, e organizam as informações e não os documentos. Mas talvez a impressão de que existe uma hierarquia seja dada pela apresentação gráfica. Ainda assim trata-se de relação todo-parte.

Ranganathan reserva um capítulo para tratar das relações de todo/parte e o intitula “Todo, Órgãos e Constituintes”. Sobre estas relações ele afirma o seguinte:

6.1 Todo

Pode ser entendido em dois sentidos:
1) ‘aplicado a um Universo de Entidades, todas elas tomadas juntas’ ou
2) ‘aplicado a uma entidade típica de um Universo de Entidades, a entidade completa’.

6.2 Parte

É entendida também em dois sentidos:
1) ‘algumas mas não todas as entidades de um Universo de Entidades’ ou
2) ‘entidade típica de um Universo de Entidades, uma não-todo dele.’.

Ranganathan identifica três tipos de parte: Porção, Órgão e Constituinte. E estas se encontram em entidades fluida, sólida e social.

6.2.1 Porção

É uma parte, conforme o primeiro sentido de “parte” apresentado acima. ‘Preferimos usar o termo ‘Porção’ em vez do termo ‘Parte’. A porção ocorre em entidades fluidas concretas. “Tomemos o Universo de Leite num Reservatório. Aqui o Universo consiste numa entidade fluida concreta. Um copo de leite tirado desse Universo forma uma ‘Porção’. Ocorre também em entidades sólidas: biosfera em relação a superfície terrestre; bioma em relação a floresta; floresta ciliar, em relação a floresta.

6.2.2 Órgão

‘Parte funcional de uma entidade típica de um Universo de Entidades’. Ranganathan prefere este termo à Parte: ‘os diferentes órgãos de um Todo têm geralmente funções diferentes.’ Em alguns casos, o Órgão é separável do Todo. Mas, se separado, sua função cessa, ou imediatamente quando da separação, ou, rapidamente, depois de separado de seu todo. Dentre as entidades concretas, Ranganathan apresenta os seguintes exemplos: porta – órgão de circulação; esgoto – órgão de serviço. Considerando-se o corpo humano, é possível identificar órgãos regionais (pernas, mãos, cabeça), Órgãos funcionais (os do aparelho digestivo, respiratório, entre outros), órgãos estratificados (pele, músculo, ossos). Em relação às entidades sociais pode-se identificar, por exemplo, órgãos estruturais de um estado geopolítico – Governo central, Executivo, Legislativo, Judiciário, Casa civil.

6.2.3 Constituinte

Quando aplicada a uma dada entidade num Universo de Entidades é a última parte de tal entidade que não tem qualquer função específica em si mesmo no que diz respeito ao todo, mas tem sua própria individualidade e pode ocorrer naquela entidade ou em outros diferentes universos de entidades Um Constituinte não é específico de uma entidade típica do Universo (ex.: madeira não é tipicamente material constituinte de mesa; ela pode ser feita de ferro, ou de plástico, assim como a madeira pode ser constituinte de outro Universo qualquer). “Um Constituinte é um material ou uma propriedade. Numa entidade social, é uma propriedade.” Por exemplo, a missão de uma biblioteca é uma propriedade e também, um elemento constituinte de sua identidade. Constituinte existe em entidades fluidas (ex. gordura e conteúdo proteico são constituintes do leite) ou sólidas (ex. : borracha é matéria constituinte de bicicleta, tijolo é constituinte de casas, proteína é constituinte do corpo humano).

Sumário

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como dito no início deste artigo, o advento da internet trouxe de volta algumas questões da Biblioteconomia convencional. Sem dúvida, uma destas questões resume-se no tratamento a ser dado aos recursos disponíveis na rede, de forma a garantir o sucesso de uma busca, com o mínimo de esforço por parte do interessado.

Esse argumento, por si só, seria suficiente para enfatizar a importância das Leis desenvolvidas por Ranganathan no ambiente biblioteconômico e sua aplicação na classificação de livros. Embora sua preocupação fosse objetivamente a notação conferida aos livros para sua arrumação nas estantes, suas Leis e Princípios podem ser extrapolados para a organização da informação em ambiente digital, devendo ser cuidadosamente observados e empregados.

A demanda crescente por organização dos dados de instituições públicas e privadas tem sido notável. Espera-se, atualmente, que a informação agregue valor econômico a qualquer atividade empresarial, constituindo-se em parte importante do capital organizacional das empresas. Para que assim seja, é preciso disponibilizá-la de forma adequada, classificada por assuntos dispostos sequencial e hierarquicamente, princípio, aliás, preconizado pela 2. Lei da Biblioteconomia de Ranganathan.

Muitas das observações de Ranganathan parecem óbvias, pois referem-se a ações que são feitas tradicionalmente, até de forma intuitiva. Mas é preciso ter consciência do agir. Daí a importância do corpo teórico construído por ele para a construção de Tabelas, que também servem, na sua essência, para a construção e apresentação sistemática de tesauros e para as taxonomias.

REFERÊNCIAS :

CAMPOS, Astério (1978)O Processo classificatório como fundamento das linguagens de indexação. R. Bibliotecon. Brasília, v. 6, n. 1, p. 1-8.

CAMPOS, Maria Luiza de Almeida Linguagem documentária. Teorias que fundamentam sua elaboração. Niterói, EDUFF, 2001. 133 p.

KUMAR, K. (1981) Theory of classification. 2. ed. New Delhi: Vikas. 578 p.

KAULA, Prithvi N. Repensando os conceitos no estudo da classificação. http://www.conexaorio.com/biti/kaula/index.htm

RANGANATHAN, S. R. (1931) The Five Laws of Library Science. Madras, The Madras Library Association.

RANGANATHAN, S. R.(1967) Prolegomena to Library Classification 3d. ed. Bombay: Asia publ. house. 640 p.

SCHREINER, Heloisa Benetti Considerações históricas acerca do valor das classificações bibliográficas. http://www.conexaorio.com/biti/schreiner/index.htm

SHIRKY, Clay Ontology is overrated: categories, links, and tags. http://www.shirky.com/writings/ontology_overrated.html

* Livre Docente, UFF; Consultora

** Mestre em Ciência da Informação, UFRJ; Consultora

*** Doutora em Ciência da Informação, UFRJ; Professora do Departamento de Ciência da Informação/UFF e do Programa de Pós da Graduação em Ciência da Informação UFF/IBICT.

Rio, agosto de 2006.

Notícias

Café acadêmico

Apresentação da pré-proposta de qualificação de mestrado de Roberta Nayara de Oliveira Pereira, intitulada "METADADOS PARA A DESCRIÇÃO DO CONTEXTO TECNOLÓGICO DE DOCUMENTOS ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS VISANDO A GUARDA PERMANENTE EM REPOSITÓRIOS ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS CONFIÁVEIS RDC-ARQ".
A apresentação ocorrerá dia 31/5 no IACS, Lara Vilela, na sala C-220

Tertúlia: O que é o conceito, para Dahlberg

Local: sala C-301 - IACS - Dia 11 de maio de 2023, 14h.

Seminário de Encerramento de Estágio Pós-Doutoral do Prof. Dr. Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda

Dia 26/04/2022 às 14h – youtube.com/PPGCIUFF

Seminário de Pesquisas Discentes do EOOCI 2021

Data: 1º/12/2021
Transmissão via Google Meet.

Inscrição no link: https://forms.gle/jANr7fVTx7NdFiqaA

Evento com a participação do grupo

SEMINÁRIOS DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO – SEMOC 2021

PROGRAMAÇÃO: HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL

Dias: 25, 26, 27 e 28 de maio de 2021

Canal de transmissão: YOUTUBE PPGCI-IBICT-UFRJ

Inscrições: https://www.even3.com.br/semoc2021
REALIZAÇÃO: UNIRIO – UFF – IBICT – UFRJ

Veja aqui a Programação do SEMOC

Lives no YouTube

Entrevista com Maria Luiza de Almeida Campos – por Hildenise Ferreira Novo

Aula magna com a Profa. Hagar Espanha Gomes

youtube.com/ProjetoSalaAberta

A abordagem onomasiológica na elaboração de modelos de domínios

Com as Profas. Dras. Hagar Espanha Gomes e Maria Luiza de Almeida Campos (PPGCI-UFF)

Dia 24/setembro/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/NrX0XEq7zlI

 

Live no Google Meet
Com Profa. Dra. Maria Luiza de Almeida Campos e Nilson Theobald Barbosa
Interoperabilidade semântica em ambientes heterogêneos
Dia 17/09 às 17h
Vídeo da palestra disponível em: https://drive.google.com/open?id=1KpUsRdKWAUoQFTw_pDaapB0V4E_RPjb3&usp=gmail

 

Lives no YouTube

Análise dos agradecimentos em artigos indexados na SciELO: desafios e perspectivas

Com Prof. Dr. Gonzalo Rubén Alvarez (GCI/UFF)

Dia 27/08 às 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/iGbeuVALVsc

Análise do uso do tema Cientometria em artigos indexados na BRAPCI

Com Profa. Dra. Michely Jabala Mamede Vogel (PPGCI/UFF)

Dia 13/agosto/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/9Gu7iYSYTl8

Desafios do campo biblioteconômico no Brasil
Com Profa. Dra. Ludmila dos Santos Guimarães (UNIRIO).
Dia 30/julho/2020 – 15h
YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/xOEIf5YaQ_U

Sistemas de Organização do Conhecimento: teorias, metodologia e modelo.

Com Profa. Dra. Hildenise Ferreira Novo (UFBA).

Dia 23/julho/2020 – 15h
YouTube – Canal EOOCI:: https://youtu.be/xOEIf5YaQ_U

Analisando os dados de pesquisa na perspectiva arquivística

Com Dra. Ivone Pereira de Sá (FIOCRUZ)

Dia 16/julho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/cfR_ATg3uCY

A Engenharia da Informação como ferramenta de transliteração de linguagens de representação do conhecimento: conjugando as naturezas cognitiva, documentária e comunicativa da Informação

Com Dr. Ivo Pierozzi Junior (EMBRAPA)

Dia 09/julho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://www.youtube.com/watch?v=QH_lR54z_2s

As religiões de matrizes africanas em sistemas de organização do conhecimento: uma abordagem aos estudos culturais

Com Prof. Dr. Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda (PPGB/UNIRIO e PNPD/PPGCI/UFF)

Dia 02/julho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/FUEGTtQcvYk

Abordagens metodológicas na elaboração de instrumentos de representação de CI

Com a Profa. Dra. Hagar Espanha Gomes

Dia 25/junho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/jCBX-UybvW8

Tesauro funcional para arquivos correntes

Com Michely J. M. Vogel (PPGCI/UFF)

Dia 18/junho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://youtu.be/TPbqo4MS3m8

As contribuições da Dra Ingetraut Dahlberg para a OC e a aplicação da CSKOL para a visualização da pesquisa atual nesse universo de conhecimento

Com  Tatiana de Almeida (PPGCI/UFF)

Dia 11/junho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://www.youtube.com/watch?v=5fu5lhrtPkQ

Taxonomias como objetos de fronteira

Com Linair Maria Campos (PPGCI/UFF)

Dia 04/junho/2020 – 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://www.youtube.com/watch?v=lJRimGGLlo8

O domínio multidimensional do novo coronavírus e a Organização do Conhecimento
com  Rosana Portugal Tavares de Moraes
28/maio/2020, 15h
YouTube – Canal EOOCI: https://www.youtube.com/watch?v=hRBVtK15r5Y

Indexação de fotografias usadas na propaganda sobre COVID-19: princípios para análise conceitual
com Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza
21/maio/2020, 15h

YouTube – Canal EOOCI: https://www.youtube.com/watch?v=6XcdqzqVr4g

A atualidade do pensamento de Ranganathan: As Cinco Leis e suas Ideias Forças –
com Maria Luiza de Almeida Campos – PPGCI/UFF.  Dia 7 de maio de 2020, às 15h.
@grupo_eooci.

 

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I Seminário do Grupo de Pesquisa Estudos Ônticos e Ontológicos em Contextos Informacionais: representação, recuperação e métricas – EOOCI

Data: 06/11/2019

Local: Sala Interartes – Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS/UFF)

Inscrições em:

https://www.even3.com.br/seminarioEooci

 

Acesso aberto na ciência é tema
de evento organizado pelo PPGCI/UFF

10/10/2019

XX Enancib

22 a 25/10/2019

Evento do grupo de pesquisa

Saiba mais em: https://estudosdainformacao.wordpress.com/

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